Coalização internacional o movimento popular promovem evento online que traz discussões sobre a lógica da financeirização do capital no universo da Mineração
Para debater aspectos sobre a estrutura da financeirização do capital, suas hierarquias e como isso afeta diretamente na tomada de decisões diante da problemática da Mineração, a Coalizão internacional Florestas e Finanças e o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) promovem, na próxima quinta-feira (19), às 15h, seminário online através do canal do Youtube do movimento www.youtube.com/MAMnacional.

O encontro, que também faz parte da programação pelos 10 anos do MAM, contará com as contribuições do economista da Universidade de Campinas (Unicamp), Luiz Gonzaga Beluzzo, de Camila Mudrek, da coordenação nacional do MAM-BA, Charles Alcântara, do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), Merel Vandermark, coordenadora da Florestas e Finanças e Ana Paula Vargas, da Amazon Watch. 

Desde 2016, os bancos investiram US$ 37,7 bilhões em crédito a 24 pequenas e grandes mineradoras em três regiões dos trópicos. Os cinco principais financiadores são Citigroup, BNP Paribas, SMBC Group, MUFG e Standard Chartered. Do total de crédito concedido nesse período, 43% foram para empresas do Sudeste Asiático (US$ 16,1 bilhões), enquanto a África Central e Ocidental e a América Latina receberam US$ 10,8 bilhões.
Essas informações foram coletadas a partir de um banco de dados, de código aberto e pesquisável, disponibilizado no mês de abril de 2022 pela Florestas e Finanças, pelo MAM e pela ONG indonésia Walhi, e está disponível no site da Coalizão Florestas e Finanças.“Estamos publicando esses dados para aumentar a transparência sobre quais instituições financeiras apoiam mineradoras que podem causar impactos sociais e ambientais. É uma ferramenta para que a sociedade civil responsabilize financiadores e investidores pelos impactos que eles custeiam”, esclarece Merel Vandermark.

(blog in Portuguese)


“Um compilado desta magnitude só reforça o propósito da nossa luta, que é diária e nos territórios. É preciso que a sociedade saiba quem está por trás das investidas do capital mineral em nosso país e que, principalmente, tenha acesso aos dados de investimentos, que financeiriza essa atividade levando-a a um patamar incontrolável, gerando uma ‘minério-dependência’”, afirma Charles Trocate, da direção nacional do MAM. “É um vale-tudo protagonizado pelo setor da mineração, à favor dos acionistas e contra a natureza”, conclui.

Esse novo conjunto de dados vem na esteira da publicação do Relatório Cumplicidade na Destruição IV, de autoria da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da Amazon Watch, membro da Coalizão, que mostra como empresas de mineração e investidores internacionais têm fomentado as violações aos direitos indígenas e ameaçado o futuro da Amazônia.

“Bancos e fundos de investimentos ainda consideram que financiar mineração é um bom negócio, ignorando o extenso histórico de violações e impactos provocados por esse setor. É essencial monitorar os interesses das grandes mineradoras, principalmente em terras indígenas e de comunidades tradicionais. As áreas protegidas da Amazônia não estão disponíveis para a  exploração mineral, elas têm grande importância para combater as mudanças climáticas e garantir a vida no planeta como um todo”, aponta Ana Paula Vargas, da Amazon Watch.

A Forests & Finance é uma iniciativa que surgiu a partir da coalizão de organizações de campanha e pesquisa, da qual participam a Rainforest Action Network, TuK Indonésia, Profundo, Amazon Watch, Repórter Brasil, BankTrack, Sahabat Alam Malaysia e Friends of the Earth EUA.