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Por aposentadoria, médicos e professores estrangeiros alimentam destruição da Amazônia
Por Fernanda Wenzel, Naira Hofmeister e Pedro Papini, publicado em ((o))eco
O sonho de ter uma aposentadoria confortável na Holanda ou no Japão está colocando em risco a Amazônia. Três fundos de pensão desses países, que poupam para que servidores públicos e profissionais liberais possam envelhecer com dignidade, investem R$ 3 bilhões nos maiores frigoríficos brasileiros que operam na Amazônia e cujas compras incluem animais criados em fazendas desmatadas ilegalmente. O valor é superior ao orçamento do Ministério do Meio Ambiente previsto para 2021, que sofreu cortes e ficou em R$ 2,9 bilhões.
A conta, na verdade, é muito maior, mas é impossível de ser calculada porque são muito poucos os fundos de pensão que abrem suas carteiras de investimento ao escrutínio público. “É um setor em que há um grande buraco negro. Na maior parte do mundo, você não sabe onde o dinheiro da sua aposentadoria está sendo investido”, explica Ward Warmerdam, pesquisador-sênior da Profundo, uma ONG holandesa dedicada à sustentabilidade.
Os fundos de pensão são considerados os pesos-pesados do mercado financeiro porque controlam e determinam o destino de recursos de uma grande quantidade de pessoas. “Entre os investidores institucionais [que administram recursos de terceiros], eles são os maiores”, diz Cole Martin, analista da Fitch Solutions, empresa que oferece consultoria econômica para empresas, governos e investidores.
De fato, a soma dos aportes dos três fundos verificados pelo ((o))eco à JBS, Marfrig e Minerva é superior ao volume destinado aos frigoríficos pela maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, que aplica R$ 2,2 bilhões em papéis das empresas – respectivamente a primeira, a 5ª e a 10ª indústrias da carne com maior risco de desmatamento segundo um estudo do Imazon.
O levantamento do ((o))eco tem como base os fundos de pensão analisados pela Forests and Finance, uma coalizão de ONGs que investiga financiamentos associados à destruição de florestas tropicais. Mas, ao contrário do que fizeram as ONGs, que contabilizam apenas a parte dos recursos proporcional à produção de carne bovina, ((o))eco atualizou os dados considerando o volume total de investimentos dos três fundos de pensão que mais aportam recursos na indústria da carne no Brasil. Grande parte desse dinheiro é aplicado na compra de ações ou de títulos de dívida de JBS, Marfrig e Minerva – papéis que valorizam quando há maior procura, o que contribuiu para o lucro geral das companhias.
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O campeão entre os fundos de pensão é o Algemeen Burgerlijk Pensioenfonds (ABP), que garante a aposentadoria de servidores públicos e de professores da Holanda, do ensino básico ao superior. “Uma em cada seis pessoas nos Países Baixos (nome oficial da Holanda) vai receber uma aposentadoria da ABP agora ou no futuro”, informa a organização em seu site. O montante dos aportes alcança R$ 1,2 bilhão (US$ 220 milhões) – quase tudo, R$ 1,1 bilhão, na JBS, mas há também recursos alocados em papéis da Marfrig e da Minerva. Todas as conversões monetárias desta reportagem foram feitas com base nas cotações do dia 27 de novembro de 2020.
Os japoneses aparecem na segunda colocação, com R$ 1 bilhão (US$ 188 milhões) aplicados pelo Government Pension Investment Fund (GPIF), que administra aposentadorias de trabalhadores dos Ministérios da Saúde, do Trabalho e Bem-Estar do governo. A maior parte do valor, novamente, vai para a JBS: R$ 936 milhões.
O top-3 dos fundos que mais investem na indústria da carne brasileira se completa ainda com outro holandês: o Pensioenfonds Zorg en Welzijn (PFZW), que paga as aposentadorias dos trabalhadores das áreas social e da saúde, aporta R$ 880 milhões (US$ 163 milhões) divididos entre JBS, Marfrig e Minerva.
Os Países Baixos, popularmente conhecidos como Holanda, são uma das nações que mais criticam a escalada do desmatamento na Amazônia brasileira, a ponto de seu parlamento ter aprovado uma moção contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul – que está em risco justamente pela desastrosa política ambiental do governo Bolsonaro.
Contraditoriamente, esse é o país cujos fundos de pensão investem o maior volume rastreável de recursos no setor responsável por cerca de 80% do desmatamento da floresta. De acordo com a Forests and Finance – que, diferentemente do ((o))eco, considera apenas aportes vinculados à produção de carne bovina – 79% do valor dirigido a JBS, Marfrig e Minerva pelos fundos de pensão, vem dos Países Baixos. O Japão aparece na segunda colocação e os fundos de pensão brasileiros, na terceira.
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Um problema que bate na porta dos brasileiros
No Brasil, 300 fundos de pensão administram um total de R$ 981 bilhões – o equivalente a 13% do PIB do país em 2019. Os maiores são ligados às grandes estatais brasileiras: Banco do Brasil (Previ), Petrobras (Petros) e Caixa Econômica Federal (Funcef).
Apenas uma pequena parte desse recurso é utilizado na compra de papéis dos frigoríficos que abatem gado proveniente de áreas desmatadas na Amazônia. Isso não se deve à atenção ou consciência dos gestores nacionais, mas à conjuntura econômica brasileira.
Segundo a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que dá as cartas nesse mercado, mais de 60% dos recursos dos fundos de pensão brasileiros estão alocados em títulos da dívida pública federal. É uma operação de baixo risco, com pouca possibilidade de calote. “O governo sempre vai poder emitir moeda para pagar as suas obrigações”, explica o economista Norberto Montani Martins, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A Previ, do BB, informou à reportagem que possui aportes de R$ 290 milhões distribuídos entre JBS, Marfrig e Minerva. Depois vem a Funcef, com R$ 165 milhões. Quase a totalidade desse valor – R$ 145 milhões – está em ações da JBS. Como a entidade não respondeu à reportagem, os dados são do mais recente relatório anual, de 2019.
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A Petros possui apenas investimentos indiretos nos frigoríficos – quando o recurso das aposentadorias é entregue a outro fundo, que por sua vez investe em um conjunto de empresas.
Mas a situação pode mudar em breve. A Selic – taxa definida pelo Banco Central e que serve de base para todas as outras taxas de juros do Brasil – passou de quase 25%, no início dos anos 2000, para cerca de 14% em 2015, e vem caindo progressivamente desde 2017. Agora está em 2% ao ano. E essa redução progressiva da taxa de juros no Brasil está empurrando as instituições para investimentos de maior risco.
“Os juros internacionais sempre foram mais baixos e por isso os fundos de pensão de outros países investiram muito mais em ações e em ativos reais da economia do que em títulos de renda fixa, soberanos ou do poder público. Quando a taxa de juros cai no Brasil, começa a ficar mais difícil para os fundos nacionais baterem suas metas só investindo em renda fixa. E eles começam a se movimentar, investir mais em ações, imóveis, fundos imobiliários, fundos de participação, private equity”, explica Gustavo Pimentel, diretor da Sitawi, entidade que promove o investimento responsável no Brasil.
A Previ, do BB, já se movimentou. Segundo Marcelo Wagner, diretor de Investimentos da instituição, embora a entidade tenha um perfil mais diversificado de seus investimentos “há décadas” – sendo o único dos três grandes fundos de pensão que investe mais em renda variável do que fixa – a mudança no perfil dos juros brasileiros trará impacto. “Haverá um movimento natural de substituição de títulos de renda fixa para outras classes de ativos, como ações, imóveis e aplicações no exterior. Mesmo para nós, essa diversificação se intensificará”, admite, acrescentando que é um processo que pode levar anos.
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A mudança no perfil de operações dos fundos de pensão brasileiros aumenta o risco ambiental destes investimentos, que tendem cada vez mais a alimentar a indústria da carne. Isso porque estas indústrias estão incluídas em diversos índices, que são os guias formulados pelo mercado de capitais para orientar investimentos. JBS, Marfrig e Minerva fazem parte do Ibovespa, índice que é a principal referência para os investidores. Nem os índices “verdes” escapam da indústria da carne. Os três maiores frigoríficos que operam na Amazônia, por exemplo, recebem milhões em investimento por estarem listados em índices de Carbono Eficiente e de Sustentabilidade da B3, a bolsa de valores brasileira. A Marfrig e a Minerva foram admitidas esta semana nesse seleto rol de empresas que além de lucrativas, são vendidas no mercado como ambientalmente corretas. Mas suas operações na Amazônia as colocam como 5ª e 10ª no ranking de risco de desmatamento do Imazon, respectivamente.
A legislação brasileira, por sua vez, não é suficientemente clara ao exigir que os fundos de pensão considerem aspectos ASG – ambientais, sociais e de governança – nas suas decisões de investimento. Formulada em 2018, a resolução nº 4.661 determina que entidades devem considerar esses riscos “sempre que possível”. Até houve uma tentativa de consertar a lei poucos meses depois com a instrução nº 6, mas ainda há brechas para que critérios ASG sejam ignorados.
“A lei está um pouco mais explícita e tem empurrado os fundos para essa análise de risco ASG. Alguns já despertaram para esse novo cenário, mas outros vão ficar justificando que não era possível”, acredita Pimentel.
Holandeses não incluem desmatamento entre preocupações
Diferentemente do Brasil, o mercado de capitais da Holanda possui critérios bastante avançados de medição dos impactos socioambientais de seus investimentos. “Os fundos de pensão líderes em ASG [questões ambientais, sociais e de governança], mais destacados do mundo são da Holanda, da França, dos países nórdicos, da Califórnia”, observa Gustavo Pimentel, diretor da Sitawi, entidade que promove o investimento responsável no Brasil.
A consciência ambiental dos holandeses também é mundialmente conhecida: a nação é referência pelo uso de bicicletas para o transporte individual, e está em segundo lugar no ranking The Good Country, que mede o quanto um país contribui para o resto do mundo.
Mesmo na Holanda, no entanto, o desmatamento fica em segundo plano quando o assunto é aquecimento global.
O ABP, por exemplo, reduziu a pegada de carbono de seu portfólio em 37% desde 2015. “A sustentabilidade não é opcional para o ABP: realmente queremos contribuir para um mundo onde é prazeroso viver”, afirma a entidade, que paga a aposentadoria de servidores públicos e de professores da Holanda. Ao mesmo tempo, o fundo é o campeão de investimentos em JBS, Marfrig e Minerva – um contrassenso diante da contribuição do setor para a emissão de gases do efeito estufa.
Em todo o mundo a pecuária responde por cerca de 9% das emissões de gases do efeito estufa, enquanto no Brasil esse número sobe para 19% – e pode chegar a 45% se forem incluídas na conta as emissões decorrentes do desmatamento. A ABP reconhece que “o desmatamento acarreta riscos financeiros para as empresas de alimento nas quais investimos”, mas não faz referência à indústria da carne ou à pecuária – o maior perigo para a Amazônia – em seu último relatório de investimento responsável.
Situação semelhante é observada na política de investimentos do PFZW – terceiro no ranking dos fundos de pensão que investem na indústria da carne. O Consultor Sênior de Investimento Responsável da instituição, Piet Klop, explica que o fundo prioriza a redução de CO2 nos três setores com maior exposição no seu portfólio – e nenhum deles inclui a pecuária brasileira.
“Ainda não está muito claro o link entre desmatamento e risco climático. Quando a gente fala aos investidores que eles vão perder dinheiro no médio prazo com petróleo e combustíveis fósseis, porque esses ativos vão se tornar encalháveis, eles sabem exatamente de qual ativo financeiro estamos falando. Com o desmatamento é muito mais difuso”, avaliou Natalie Unterstell em entrevista ao ((o))eco em junho deste ano. Unterstell é administradora pública e diretora da Talanoa, organização que produz estudos e projetos para mitigação de riscos climáticos.
Estratégia é pressionar sem retirar aportes
O ABP reconhece que a indústria da carne não está explicitada em sua política de investimentos, mas revela que faz “contatos regulares com a JBS e outras empresas para pressionar por políticas anti-desmatamento, incluindo o mapeamento da cadeia de fornecedores”. “Isso nos permite exercer pressão e realmente mudar alguma coisa. Se vendemos as ações, outro investidor, talvez menos sustentável, poderá comprar esses ativos e tudo vai ficar igual”, explica a organização.
A estratégia, chamada de “engajamento” pelos investidores, também é utilizada pelo PFZW. “O progresso é lento, mas ao menos está indo na direção correta. Não vemos uma alternativa efetiva a essa para influenciar as empresas a fazer melhor. A exclusão apenas acabará com o pequeno poder de influência que possamos ter”, complementa Piet Klop.
Foi graças a pressões semelhantes que JBS e Marfrig anunciaram recentemente o compromisso de rastrear toda a sua cadeia de fornecedores até 2025. A Minerva começou um projeto piloto de avaliação de riscos relacionados aos fornecedores indiretos. É o maior gargalo ambiental dos frigoríficos, que garantem a conformidade apenas da última fazenda por onde o gado passou antes de ser abatido. Porém, para cada fornecedor direto existem de 5 a 10 indiretos – que são pontos cegos nos sistemas de fiscalização ambiental. As três multinacionais já haviam prometido o rastreamento completo da cadeia em 2009. Onze anos depois, além de admitirem que não cumpriram a promessa, JBS e Marfrig estão concedendo a si próprias mais cinco anos de prazo para resolver o problema, e a Minerva sequer estabeleceu um prazo.
A convicção de que vender as ações das empresas problemáticas não é a solução é compartilhada por Marcelo Seraphim, chefe do Principles for Responsible Investment (PRI) no Brasil, uma iniciativa de investidores comprometidos com a sustentabilidade socioambiental. “O investidor responsável pode comprar produtos que agridem o meio ambiente, contanto que ele faça o engajamento com a empresa para diminuir a externalidade negativa. E os investidores holandeses são muito ativos no sentido de pressionar as empresas para melhorar a sua performance”.
Mas há exceções a esta conduta. A gestora de investimentos norueguesa Nordea decidiu vender R$ 240 milhões em ações da JBS por causa da associação da empresa como desmatamento. Em 2018, o fundo de pensão do governo da Noruega já havia excluído as ações da JBS devido aos riscos relacionados à corrupção. Em agosto deste ano, a mesma organização excluiu os ativos da Eletrobras e da Vale, em função dos impactos sociais e ambientais provocados pela Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e pelos desastres de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais.
Entre os fundos de pensão, quem também seguiu este caminho foi o Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ), que paga a aposentadoria de mais de 2 milhões de moradores de Quebec. Em dezembro de 2018, a instituição tinha R$ 25,3 milhões em ações da JBS, segundo o levantamento da Forest and Finance. Hoje, o fundo diz que não tem mais nenhum centavo investido na empresa brasileira. A explicação do CDPQ, enviada ao ((o))eco, é sucinta: “As mudanças climáticas estão integradas em todo o processo de decisão do CDPQ. Após uma análise cuidadosa, concluímos que a JBS não é uma companhia da qual queremos ser acionistas”.
Mudanças climáticas são perigo para longo prazo
Além de questões éticas ou reputacionais, investir em empresas que comprometem o meio ambiente traz riscos financeiros reais. A crise climática já está alterando os ciclos da natureza e terá impacto concreto em áreas como o agronegócio – justamente onde estão JBS, Marfrig e Minerva. Se as empresas não souberem se adaptar com agilidade, terão prejuízos.
Um transtorno que não poderia ser ignorado por fundos de pensão, cujo planejamento mira 20, 30 ou 40 anos adiante. “O fundo de pensão seria o maior interessado em considerar questões ASG na sua gestão, porque quando falamos de ASG estamos falando de longo prazo”, lembra Seraphim.
Para o analista Cole Martin, os fundos de pensão – especialmente os europeus – estão atentos a este risco, mas são muito lentos para colocá-los em prática. Ele cita uma pesquisa que analisou 927 investidores institucionais em 12 países e mostrou que 88% dos fundos de pensão fazem menção a questões ASG em suas políticas de investimento. Menos de um em cada dez fundos, no entanto, criou um setor específico para atuar com investimento responsável.
Para o analista, um dos motivos para este descompasso entre o discurso e a prática é o perfil conservador dos clientes dos fundos de pensão. “Se um jovem perder seu dinheiro em um investimento, tem o resto da vida para recuperá-lo. Suas despesas fixas também são muito mais baixas do que as dos beneficiários dos fundos de pensão, que costumam ser pessoas mais velhas, aposentadas, que têm obrigações com a família, financiamento de imóveis e, possivelmente, gastos médicos. Por isso, estes investidores são menos receptivos a grandes mudanças nas estratégias de investimentos de seus fundos de pensão”.
Além da pressão para não dar passos em falso, a própria estrutura dos fundos de pensão dificulta o processo de incorporação de critérios ambientais. “São estruturas grandes, muito burocráticas, que levam muito tempo para fazerem qualquer mudança”, resume o Martin.
Essa postura pragmática fica evidente na resposta de Piet Klop, do holandês PFZW. “Trabalhamos para que o fundo de pensão atinja para objetivo primário: pagar aposentadorias. Apesar de tentarmos entregar estas aposentadorias com o mínimo impacto negativo (ASG), não podemos administrar nossos ativos apenas para resolver os problemas do mundo (ou do Brasil)”.
Paradoxalmente, essa baixa tolerância a risco pode custar caro aos pensionistas – não só pelo perfil de longo prazo, mas também pelo tamanho dos investimentos. “Se você é grande e encontra em seu portfólio algum ativo com risco ASG e quer se desfazer dele, demora. Você não faz isso de um dia para o outro. Quanto maior você é, mais exposto você fica a riscos de mercado em geral, incluindo os riscos ASG”, explica Pimentel.
EUA tenta proibir avanço socioambiental
De olho nestes riscos, a União Europeia vem tentando acelerar a adaptação do setor financeiro aos desafios climáticos através do EU Taxonomy, um guia que classifica os setores econômicos segundo seu impacto ambiental e cria uma régua padrão para comparar a sustentabilidade de cada um. A partir de dezembro de 2021, as instituições financeiras – incluindo os fundos de pensão – terão que incluir esse indicador verde ao divulgarem onde estão investindo seus recursos.
Enquanto na Europa o governo empurra os fundos de pensão em direção ao investimento responsável, nos Estados Unidos as instituições financeiras tomaram a frente para barrar os esforços anti-ambientais do governo. Em junho, o Departamento do Trabalho norte-americano propôs uma regra que proibiria os fundos de pensão de considerarem aspectos ambientais, sociais e de governança em suas decisões de investimento. “Planos de aposentadoria patrocinados por empregadores privados não são veículos para promover metas sociais ou objetivos de política que não sejam do interesse financeiro do plano”, disse o secretário do Trabalho, Eugene Scalia.
O Departamento de Trabalho abriu prazo de 30 dias para que a sociedade enviasse opiniões sobre a proposta. Neste período, mais de 1.500 cartas com críticas à ideia foram enviadas por investidores, gestores de ativos, associações comerciais, entre outras organizações.
Com a derrota de Donald Trump e a eleição de Joe Biden, a expectativa é que o projeto não vá adiante. O programa de governo do democrata inclui um plano de ação climática para alavancar uma economia mais sustentável, e Biden também promete recolocar os Estados Unidos no Acordo de Paris – que o governo Trump abandonou. “[A proposta do Departamento de Trabalho] é um retrocesso tremendo. Mas acho que tudo o que se disser agora sobre sustentabilidade nos EUA vai mudar. A conversa vai ficar mais razoável e isso vai ser revertido”, acredita Seraphim.
Contrapontos
A Petros não quis participar da reportagem, o Funcef não respondeu ao ((o))eco e não conseguimos contato com o Government Pension Investment Fund (GPIF).
Confira na íntegra as respostas do Algemeen Burgerlijk Pensioenfonds (encaminhada pela assessoria de imprensa da APG, que administra seus investimentos), do Pensioenfonds Zorg en Welzijn (PFZW), da Previc e da Previ.