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Durante a cúpula da biodiversidade, indígenas denunciam financiamento bilinário do BMO à JBS

Montreal, Canadá – Hoje, durante a cúpula da biodiversidade COP15 em Montreal, líderes indígenas brasileiros e seus aliados realizaram um protesto na sede do Banco de Montreal (BMO) para denunciar o significativo financiamento do banco à notória empresa brasileira de frigoríficos JBS. A JBS anunciou em novembro que a BMO conseguiu US$ 1,5 bilhão em crédito rotativo para a empresa. Isso ocorre apesar de vários relatórios documentarem o envolvimento da JBS em desmatamento da Amazônia, inclusive em terras indígenas, e no fornecimento de gado criado na floresta tropical.

Um mês antes do acordo da BMO, a JBS admitiu ter comprado cerca de 9.000 cabeças de gado, entre 2018 e 2022, de uma quadrilha cujo líder está preso por desmatamento ilegal da Amazônia. A JBS também admitiu que dois de seus funcionários colaboraram conscientemente com a quadrilha. A empresa há muito promete eliminar o desmatamento ilegal de suas cadeias de abastecimento diretas e indiretas, mas repetidamente falha em cumprir suas próprias metas. O desmatamento para a pecuária é o principal fator de perda de floresta e biodiversidade na Amazônia brasileira.

Várias instituições financeiras já se desfizeram da JBS por causa de seus múltiplos conflitos sociais e ambientais, incluindo o Norwegian Pension Fund Global. As organizações e defensores indígenas que protestam em Montreal hoje estão exigindo que o Banco de Montreal siga o exemplo e encerre seu enorme apoio financeiro à controversa empresa, já que a JBS demonstrou que seus compromissos em acabar com a destruição da floresta não são confiáveis.

Dinamam Tuxá, Coordenador Executivo da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) disse:

“Enquanto o Canadá sedia uma cúpula muito importante para determinar o futuro da biodiversidade remanescente em nosso planeta, viemos denunciar que um de seus principais bancos está financiando uma empresa brasileira responsável pela destruição incalculável de florestas e perda de biodiversidade, inclusive em terras indígenas amazônicas. Os povos indígenas são comprovadamente os melhores guardiões das florestas amazônicas, bem como da biodiversidade global. A BMO deve atender ao nosso apelo para interromper o financiamento da JBS e de outras empresas que impulsionam a crise da biodiversidade.”

Merel van der Mark, Coordinadora da Coalizão Florestas & Finanças, disse:

A JBS provou que não está disposta a eliminar o desmatamento da sua cadeia de produção. Ao continuar a financiar a empresa, o Bank of Montreal torna-se cúmplice na destruição deste hotspot global de biodiversidade. O BMO deve parar de canalizar bilhões de dólares para esta empresa desonesta imediatamente.”

Christian Poirier, Diretor de Programas da Amazon Watch, disse:

“Enquanto a Amazônia abriga 10% da biodiversidade do nosso planeta, o próprio futuro da floresta está ameaçado pelo modelo de negócios de empresas como a brasileira JBS, que há muito tempo impulsiona a destruição maciça da Amazônia. O generoso financiamento da BMO para esta notória empresa é escandaloso. A JBS não tem lugar na carteira de nenhuma instituição financeira responsável.”

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