Mineração
Mineradora inglesa chama a polícia para apreender gravações de equipe da Repórter Brasil
Repórter e fotógrafo foram à sede da empresa Brazil Iron, no interior da Bahia, pedir uma entrevista em vídeo, quando foram surpreendidos por dois policiais armados.
Uma equipe da Repórter Brasil aguardava resposta a um pedido de entrevista na sede da mineradora inglesa Brazil Iron, em Piatã (BA), quando foi abordada por dois policiais militares nesta segunda (28). Disseram que a empresa os havia convocado porque os jornalistas teriam invadido propriedade privada. Como o crime não se configurou, a empresa então passou a pedir a apreensão de imagens captadas.
Orientados pelos advogados da organização, os repórteres Daniel Camargos e Fernando Martinho se recusaram a entregá-las, argumentando a necessidade de uma autorização judicial para esse tipo de apreensão. Como não houve acordo entre empresa e jornalistas, todos foram conduzidos para a delegacia, no centro da cidade. Algumas horas depois, foram liberados.
Quando os jornalistas chegaram à Brazil Iron, o gerente de logística, Roberto Mann, convidou Camargos e Martinho a sentarem-se em uma sala de reunião onde estavam dois executivos ingleses da empresa. Depois de os jornalistas explicarem a reportagem e os esclarecimentos que gostariam de receber da mineradora, o gerente pediu que aguardassem. O clima era amigável. Nesse intervalo, Mann chegou a servir café aos repórteres.
Os jornalistas esperaram por cerca de uma hora até que dois policiais, um deles empunhando uma metralhadora, entraram na sala de reunião, dizendo que estavam ali a pedido da empresa. Segundo eles, receberam a denúncia de que os repórteres teriam invadido a mineradora nos dias anteriores – acusação que não se confirmou. A empresa também havia solicitado a apreensão das imagens produzidas pela reportagem, de acordo com os policiais.
“Os repórteres foram, surpreendentemente, pressionados pela empresa e pela PM enquanto aguardavam para ouvir o posicionamento da Brazil Iron dentro de suas instalações. É uma clara tentativa de intimidação ao trabalho jornalístico, de cerceamento da liberdade de imprensa, que não pode ser aceita”, afirma Leonardo Sakamoto, diretor da Repórter Brasil.
Blog originalmente publicado pela Repórter Brasil.