Mineração

A Forests & Finance tem um conjunto de dados separado que se concentra exclusivamente em commodities duras (mineração). Esta pesquisa avalia os financiamentos recebidos por empresas de mineração que exploram e extraem metais como ferro, cobre e níquel, e cujas operações podem afetar as florestas tropicais e as comunidades que dependem delas no Sudeste Asiático, África Central e Ocidental e partes da América do Sul.

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O papel da mineração no desmatamento

A mineração é um importante gerador de desmatamento em várias regiões. Uma análise do Banco Mundial comprova que os cinco principais países com mineração em larga escala em florestas, com base na área, importância econômica e cobertura florestal, são Brasil, República Democrática do Congo (RDC), Zâmbia, Gana e Zimbábue.

Embora os impactos possam variar de acordo com o tipo de mina e o contexto de sua operação, existem impactos ambientais e sociais adversos substanciais relacionados ao setor. Os impactos diretos da mineração incluem o impacto da própria mina, o descarte físico e químico de resíduos, o deslocamento social e a pegada da infraestrutura associada (como estradas e novos assentamentos), dependendo do tipo e contexto da mina. Mas a mineração também afeta paisagens florestais mais amplas, atraindo novos assentamentos e abrindo as florestas para a agricultura e outras atividades econômicas.

  • Mineração no Brasil

    O Brasil ficou no topo do ranking do Banco Mundial de países com mineração em grande escala em florestas, com base em fatores como quantidade de minas, densidade nacional de minas em florestas, importância relativa da mineração para a economia nacional, nível de cobertura florestal e importância das florestas nas emissões nacionais de gases de efeito estufa (GEE).

    Na Amazônia brasileira, a mineração causou o desmatamento de 1,2 milhão de hectares (12 mil Km2) entre 2005 e 2015, o que representou cerca de 9% da perda total da floresta amazônica durante o período. As minas na Amazônia costumam ser estabelecidas em florestas anteriormente inacessíveis, nas proximidades de fronteiras de desmatamento conhecidas, causando desmatamento em áreas vizinhas e atraindo pessoas para novas oportunidades econômicas. Os projetos são acompanhados pela construção de vias de acesso e terminais portuários. As operações de mineração na Amazônia têm sido vinculadas ao deslocamento de comunidades tradicionais e impactos sociais e ambientais prejudiciais.

    Considerando apenas os pedidos de mineração existentes sobrepostos às terras indígenas na Amazônia, 17,6 milhões de hectares (176 mil Km2), ou 15% do total de terras indígenas na área, podem ser diretamente afetados pela mineração. As terras de 21 grupos isolados concentram 97% de todos os pedidos de mineração.

  • Mineração na República Democrática do Congo (RDC) e em Gana

    As ricas reservas minerais da RDC estão intimamente ligadas a décadas de conflitos violentos, graves violações de direitos humanos e trabalhistas e impactos ambientais e socioeconômicos. A RDC é o país que ocupa a posição de 2ª maior importância na mineração em florestas. A RDC produz cerca de 70% do cobalto do mundo. Desse total, 15 a 30% são produzidos pela mineração artesanal e de pequena escala. A RDC também é a maior produtora de cobre da África e tem uma produção significativa de mineração de diamantes, ouro, petróleo, estanho, tântalo, tungstênio e zinco.

    Em Gana, o cultivo de cacau é uma das principais causas do desmatamento; no entanto, a mineração constitui uma ameaça significativa. A mineração ilegal em pequena escala, conhecida localmente como galamsey, causa danos ambientais significativos. Há também grandes minas de ouro a céu aberto em Gana que são operadas por empresas de mineração internacionais.

    De acordo com a análise do Banco Mundial, Gana é o país com a posição de 4ª maior importância na mineração em florestas. Gana é o 6º maior produtor de ouro do mundo e o maior produtor da África.

  • Mineração na Indonésia

    A Indonésia é uma importante mineradora de carvão, cobre, ouro, estanho, bauxita e níquel. Pesquisas recentes mostram que os geradores diretos do desmatamento na Indonésia são espacial e temporalmente dinâmicos. Embora não seja um fator tão importante para o desmatamento quanto o agronegócio, as atividades de mineração são responsáveis por uma crescente parcela do desmatamento nos últimos anos. Esse papel está ligado ao uso direto da terra nas atividades de mineração. Indiretamente, as atividades de mineração facilitam novos assentamentos e atividades econômicas em torno de grandes e pequenos locais de mineração. Esses impactos do desmatamento são limitados e isolados, mas regionalmente significativos.

    A mineração na Indonésia também está ligada à contaminação generalizada dos sistemas naturais de água. Isso foi observado, por exemplo, em rios ao redor da gigante mina Grasberg em Papua, uma das maiores minas de ouro e cobre do mundo, e em relação à disposição de rejeitos no oceano pela Batu Hijau, uma mina de ouro e cobre em West Nusa Tenggara. No início de 2021, o governo indonésio interrompeu a emissão de licenças para disposição de rejeitos em alto mar para novas fundições de níquel. No entanto, as opções alternativas de gestão de resíduos em terra estão vinculadas ao uso da terra em larga escala e conflitos conexos, perda de floresta e os riscos de estar em áreas propensas a serem afetadas por terremotos, tsunamis, deslizamentos de terra e inundações.

    Curiosamente, dentre as 10 maiores empresas com plantações para extrair óleo de palma na Indonésia, pelo menos seis também têm operações substanciais de mineração. Ao lado da estatal PTPN, estão Sinar Mas (plantações para óleo de palma sob a Golden Agri-Resources), Salim Group (Indofood Agri Resources), Jardine Matheson/Astra (Astra Agro Lestari), KPN Corp (KPN Plantation) e Harita Group (Bumitama Agri).

  • Por que separamos este conjunto de dados

    O conjunto de dados sobre finanças para empresas de mineração (que produzem commodities duras) foi separado dos dados para empresas de commodities macias (que incluem óleo de palma, carne bovina, soja e papel e celulose) por razões metodológicas e contextuais. Empresas de commodities duras e empresas de commodities macias operam de forma diferente, são financiadas de maneiras específicas e resultam em impactos sociais e ambientais distintos. Como resultado, desenvolvemos metodologias e recomendações distintas.

    Por exemplo, o conjunto de dados de mineração não tem a mesma granularidade e, como tal, não é possível pesquisar por um minério específico. Em outras palavras, os ajustadores setoriais, usados para commodities macias, geralmente não são aplicados. Para obter mais informações sobre diferenças metodológicas, consulte a seção de metodologia.

     

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Recomendações para instituições financeiras

  1. Adotar e implementar políticas e procedimentos de due diligence que proíbam o desmatamento e exijam que as empresas respeitem os direitos humanos e os direitos das comunidades locais e indígenas. As políticas devem incluir expectativas concretas das empresas, devem exigir um plano de ação público com prazos verificáveis, exigir a publicação de relatórios de progresso e incluir penalidades se os requisitos não forem cumpridos.
  2. Publicar uma estratégia de engajamento das mineradoras ligadas ao desmatamento e à violação de direitos. Isso deve incluir perguntas críticas a serem feitas em relação à gestão de riscos sociais e ambientais por parte da empresa.
  3. Exigir que toda empresa que receba financiamento desenvolva políticas vinculativas que protejam os direitos indígenas, incluindo a realização de processos de consulta e consentimento livre, prévio e informado
  4. Desinvestir de empresas que não cumprem as políticas da instituição financeira e que não abordam as preocupações após o engajamento.
  5. Assumir uma posição pública contra projetos de lei que enfraquecem as proteções ambientais e sociais e incentivar os pares a fazer o mesmo.

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Veja quais são os principais financiadores e investidores em empresas de mineração

Nossa metodologia

Metodologia usada para os dados de mineração

Este projeto avalia os serviços financeiros recebidos entre 2016 e 2021 por 22 empresas de mineração de metais cujas operações podem afetar as florestas tropicais naturais no Sudeste Asiático, África Central e Ocidental e em partes da América do Sul. Abrange empresas de mineração que exploram metais, como ferro, cobre e zinco. Não cobre a mineração de carvão.
Para mais detalhes, consulte a Metodologia.

Banker grinding trees into money

Uma coalizão em busca de mudança

Buscamos melhorar a transparência, as políticas, os sistemas e a legislação que se aplica ao setor financeiro para evitar que instituições financeiras facilitem a ocorrência de impactos ambientais, sociais e de governança (ESG) que são muito comuns nas operações de empresas do setor de commodities com risco florestal.

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