Notícias
Atualização do Banco de dados que elenca empresas excluídas por investidores e bancos globais
A iniciativa “Financial Exclusions Tracker” lançou uma nova versão atualizada hoje: http://financialexclusionstracker.org/. O site rastreia quais as empresas excluídas por investidores institucionais, fundos de pensões e bancos devido a questões de direitos humanos, saúde pública e sustentabilidade. Os motivos mais comuns para a exclusão financeira são as ligações com combustíveis fósseis, armamento ou tabaco.
O “Financial Exclusion Tracker” é uma iniciativa de uma coalizão internacional de ONGs que lutam por mais transparência financeira e divulgação pública de informação.
Este conjunto de dados reúne informações de várias fontes públicas, consolidando-as num só local para que investidores, bancos, sociedade civil e a mídia se mantenham facilmente informados sobre quais as empresas excluídas financeirament e os motivos subjacentes a essa exclusão. Este banco de dados contém um total de 5.534 grupos de empresas (contendo 66.708 exclusões) de 135 países que foram excluídos por 93 instituições financeiras em 17 países. A iniciativa lançada em Outubro de 2023 fornece uma visão geral das exclusões financeiras e esta segunda versão inclui ainda mais investidores e empresas assim como exclusões financeiras de setores económicos.
A coalizão espera que esta lista aumente a pressão sobre as empresas identificadas para que melhorem suas práticas comerciais e, também, que a ferramenta aumente a transparência entre investidores e bancos e os incentive a compartilhar publicamente suas políticas de exclusão financeira. A sociedade civil, os investidores e os governos podem usar esta ferramenta para identificar as empresas com os maiores riscos ambientais, sociais e de governança (ESG), conforme sinalizado pelas próprias instituições financeiras.
O clima é o motivo mais citado para a exclusão de empresas
A motivação mais comum para a exclusão de empresas é o clima/combustíveis fósseis (48%). Em seguida, vêm armas (15%), tabaco (13%), política do país (p. ex. exclusão de empresas russas) (6%), exclusões baseadas em produtos (p. ex. álcool, jogos de azar) (5%), direitos humanos (4%) e práticas comerciais (p. ex. corrupção) (3%).
As empresas mais vezes excluídas por investidores e bancos, de acordo com o motivo da exclusão, são:
- Clima (quase exclusivamente combustíveis fósseis): Exxaro Resources, China Energy, Shandong Energy Group, Banpu, State Power Investment Corporation (SPIC)
- Armas (munições de fragmentação, minas antipessoais, armas nucleares): Poongsan, Lig Nex 1, Larsen & Toubro, Lockheed Martin, Anhui Military Industry
- Tabaco: Altria Group, Philip Morris International, British American Tobacco (BAT), Imperial Brands, Japan Tobacco (JT)
- Violações e riscos aos direitos humanos: Vale, Energy Transfer, Elbit Systems, Walmart, OCP Group
- Práticas comerciais (p. ex. comportamento controverso e corrupção): (e.g. controversial behaviour and corruption): Vale, JBS, China National Petroleum Corporation (CNPC), TEPCO (Tokyo Electric Power Company), Zijin Mining
- Política do país: Sberbank, VTB Bank, Russian Agricultural Bank, Gazprom, Russian Railways
- Meio ambiente (p.ex. destruição da biodiversidade): Freeport-McMoRan, Barrick Gold Corp, Zijin Mining, Norilsk Nickel (Nornickel), Jardine Matheson Group
- Exclusão baseada em produtos (p.ex. álcool, jogos de azar, óleo de palma): Genting Group, VICI Properties, Flutter Entertainment, MGM Resorts International.
Os cinco países com o maior número de empresas excluídas são: (1) EUA – 1.160, (2) China – 852, (3) Índia – 341, (4) Canadá – 290 e (5) Rússia – 283.
As empresas de combustíveis fósseis não aparecem com destaque apenas na categoria climática, mas também nas categorias relacionadas com a violação de direitos humanos e práticas comerciais controversas.
A motivação original para a exclusão de cada empresa pode ser encontrada no site do “Financial Exclusions Tracker”, desde que a instituição financeira tenha divulgado o motivo da exclusão. Os dados podem ser pesquisados por empresa, investidor, país do investidor, país da empresa, categoria e subcategoria de exclusão. Esses dados serão atualizados anualmente, para refletir as mudanças regulares nessas listas de exclusão financeira.
O Financial Exclusions Tracker é uma iniciativa de:
BankTrack, Both ENDS, Fair Finance International, Forests & Finance, Health Funds for a Smokefree Netherlands, Milieudefensie (Friends of the Earth Netherlands), PAX, Profundo Research Foundation, Rainforest Action Network e Environmental Paper Network.
Citações
“Esse conjunto de dados mostra, por exemplo, que os produtores de óleo de palma, como o Genting Group, a Jardine Matheson e o frigorífico JBS, foram excluídos por dezenas de instituições financeiras devido a preocupações ambientais. Isso deveria ser um sinal de alerta para qualquer pessoa que esteja pensando em fazer negócios com essas empresas.”
Merel van der Mark, coordenador da Coalizão de Florestas e Finanças
“Saudamos o fato de várias instituições financeiras excluírem empresas devido aos vínculos com impactos prejudiciais ao clima, aos direitos humanos e à biodiversidade. Precisamos urgentemente de uma regulamentação em nível europeu que proíba o financiamento do desmatamento. Se não acabarmos com o financiamento prejudicial, não atingiremos nenhuma meta global de clima ou biodiversidade. Atualmente, a Comissão Europeia está analisando o papel do setor financeiro na estrutura da regulamentação antidesmatamento da UE e precisamos ver uma proposta ambiciosa de regulamentação em junho de 2025. “
Danielle van Oijen, coordenadora do Programa Florestal Milieudefensie (Friends of the Earth Netherlands)
“Esse banco de dados é uma fonte de informações muito valiosa para o setor financeiro, a mídia, as empresas e a sociedade civil. É necessária uma diligência extra para as empresas que aparecem nesse banco de dados. Esperamos que as empresas mencionadas façam uma limpeza em suas ações.”
Kees Kodde, líder de projeto da Fair Finance International
“Anualmente, a indústria do tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes em todo o mundo e tem a reputação de enganar e iludir. É um setor no qual não se deve querer investir. Esperamos que esse banco de dados inspire outros atores”.
Hans Snijder, diretor do Health Funds for a Smokefree Netherlands (Fundos de saúde para uma Holanda livre de fumo).
“A exclusão pública é uma maneira muito importante de os investidores exercerem influência quando as empresas não dão ouvidos às suas demandas de sustentabilidade. Essa ferramenta ajuda a ampliar as posições dos investidores e aumenta a pressão sobre as empresas para que ajam.”
Jakob König, líder do Fair Finance Guide na Suécia
“Esse novo banco de dados fortalecerá nossa defesa junto aos investidores e nos permitirá ajudar melhor as pessoas afetadas pelo comportamento negligente de empresas que violam os direitos humanos e ambientais.
Ana Xambre Pereira, International Flow Advocacy Officer da Both ENDS (Holanda).
“É recomendável que os bancos e outros investidores consultem cuidadosamente esse novo Exclusion Tracker como parte de seus procedimentos gerais de due diligence para clientes novos e existentes, pois essas exclusões por outras instituições financeiras resultam de procedimentos de verificação semelhantes que trouxeram à tona aspectos do desempenho dessas empresas considerados inaceitáveis por elas. Essas decisões de exclusão por parte de seus pares podem muito bem ser um bom motivo para que um banco avalie mais uma vez o risco do relacionamento com o cliente, ou até mesmo siga o exemplo deles”
Johan Frijns, Diretor Executivo do BankTrack (Holanda)