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Vale, Petrobras and JBS lead the ranking of most Excluded Brazilian companies

Levantamento de organizações não-governamentais aponta que trio tem o maior volume de citações em ‘listas de exclusão’ de bancos, fundos de pensão e gestoras de ativos entre companhias nacionais

Vale, Petrobras e JBS são as três empresas brasileiras mais rejeitadas por investidores na hora de fazer negócios, segundo um levantamento tornado público nesta semana por 11 organizações não-governamentais internacionais.

A plataforma Financial Exclusions Tracker compila em um só lugar dados das chamadas “listas de exclusão” publicadas por bancos, fundos de pensão e gestoras de ativos de várias partes do planeta – ou seja, as listas de  empresas bloqueadas por  investidores em razão de práticas prejudiciais ao meio ambiente, aos direitos humanos ou ao próprio ambiente de negócios, caso da corrupção.

“O site mostra quantos investidores acham que uma empresa representa um risco tão grande que eles decidiram não investir mais. Mede o risco reputacional da empresa”, explica Merel van der Mark, coordenadora da Forest and Finance, uma das organizações responsáveis pelo conjunto de dados.

Entre companhias brasileiras, a Vale é a campeã em presença nestas ‘listas sujas’, com 95 menções. A mineradora também é a segunda empresa do mundo em número de exclusões devido a casos de desrespeito aos direitos humanos. 

Rompimento de barragens em Brumadinho, em 2019, e Mariana, em 2015, teria incentivado investidores a evitarem empresa (Foto: Ricardo Lanza)

“A Vale está envolvida em diversos escândalos, como os rompimentos das barragens de Brumadinho e Mariana, que causaram centenas de vítimas. Para qualquer investidor isto deveria ser um claro sinal de alerta”, observa Kees Kodde, líder de projeto na Fair Finance International, outra organização que participa do projeto de rastreio das listas de exclusão.

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A empresa enfrenta críticas pelos impactos de suas atividades na Amazônia, onde a Vale opera a mina de Carajás – considerada a maior mina de ferro a céu aberto do mundo. A Repórter Brasilinvestigou a cadeia produtiva da Vale na região, onde a mineradora é alvo de denúncias relacionadas à violação de direitos de crianças, trabalhadores, comunidades indígenas e tradicionais. 

A Vale não quis comentar o lugar de destaque negativo no levantamento, mas informou que vem alcançando importantes avanços na gestão de barragens e que “desde 2019, está focada em transformar a organização e melhorar suas práticas em questões ambientais, sociais e de governança”.  A íntegra da manifestação pode ser lida aqui.

Já a JBS, pertencente ao grupo J&F, além de ser uma das brasileiras com pior reputação (65 menções em listas de exclusão), é a número um do mundo em boicotes por bancos, fundos de pensão e investidores em razão de más práticas comerciais, como corrupção, evasão fiscal, crimes financeiros, fraude e suborno. 

Frigorífico brasileiro é visto com ressalvas por dezenas de investidores por seu envolvimento em casos de corrupção (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)

Há também preocupações ambientais relativas aos seus fornecedores. A gestora de ativos dinamarquesa Sparinvest, por exemplo, excluiu a JBS de seus contratos porque a empresa provoca danos ao meio ambiente, vários deles já abordados em investigações da Repórter Brasil.

Instada a comentar o resultado do levantamento, a JBS informou apenas que “mantém relacionamento permanente com seus investidores, que têm dado recorrentes demonstrações de confiança na credibilidade e na robustez da Companhia e de suas políticas”.

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Crise climática é maior preocupação

Segundo a plataforma, a estatal brasileira de petróleo Petrobras e suas subsidiárias foram excluídas por 27 bancos e empresas investidoras, sendo a maior parte dos casos relacionado ao impacto climático provocado por suas atividades. Metade das menções à Petrobras em listas de exclusão foi justificada por sua relação com a extração de petróleo e o beneficiamento de derivados do combustível – um dos principais fatores de emissão de gases de efeito estufa do planeta.

A empresa não enviou comentários à Repórter Brasil até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto e o texto será atualizado se houver alguma manifestação.

O levantamento da Financial Exclusions Tracker revela que as mudanças climáticas são hoje uma das principais preocupações de instituições financeiras. “Eu pesquiso esse assunto há mais de 10 anos e os combustíveis fósseis não eram uma preocupação de investidores quando eu comecei, mas estão se tornando uma ‘indústria do pecado’. As exclusões relacionadas com as mudanças climáticas são mais relevantes do que aquelas da indústria do tabaco e das armas”, compara o pesquisador financeiro sênior da Profundo Research Foundation, Ward Warmerdam, responsável pelo tratamento dos dados.

A quarta empresa brasileira com maior  presença em listas de exclusão é a Eletrobras, com 33 menções – uma delas oriunda da KLP, fundo de pensões norueguês que decidiu não mais capitalizar companhias que emitem altos níveis de gases do efeito estufa, que destroem o meio ambiente ou que violem direitos trabalhistas.

Em sua manifestação à reportagem, a Eletrobras ponderou que “sua matriz de geração elétrica é 97% limpa e renovável” , além de destacar a meta de emissões líquidas zero já assumida pela companhia e os projetos voltados a comunidades indígenas no Brasil. A íntegra pode ser lida aqui.

Edição: Naira Hofmeister
Matéria da Reporter Brasil, publicada aqui.